sábado, 20 de dezembro de 2014

Bençãos

"Que o caminho seja brando a teus pés, 

Que o vento sopre leve em teus ombros,

Que sol brilhe cálido sobre tua face, 

Que as chuvas caiam serenas em teus campos.

E até nos reencontrarmos, 

Que os Deuses te mantenham no aconchego de Suas Mãos" 

Eu me levanto hoje

Eu me levanto hoje 
Pela força dos Céus 
Luz do Sol 
Brilho da Lua
Resplendor do Fogo 
Presteza do Vento 
Profundidade do Mar 
Estabilidade da Terra 
Firmeza da Rocha. 

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

La grandeza escondida en las cosas chiquitas

"La grandeza escondida en las cosas chiquitas...
O que implica denuciar a falsa grandeza nas coisas grandinhas...
Em um mundo que confunde coisas grandinhas com grandezas..."

Sangue Latino

domingo, 16 de novembro de 2014

NÃO É FÁCIL, NEM DIFÍCIL, SÓ NATURAL



O amor é um estado natural da consciência. Não e nem fácil nem difícil, essas palavras de forma nenhuma se aplicam a ele. Ele não é um esforço; por isso não pode ser fácil nem pode ser difícil. É como respirar! É como as batidas do coração, é como o sangue circulando no nosso corpo.
O amor é o nosso próprio ser... Mas esse amor ficou quase impossível. A sociedade não o permite. A sociedade condiciona você de tal forma que o amor fica impossível e o ódio passa a ser a única coisa possível. Então o ódio é fácil, e o amor não só é difícil como impossível. O homem tem sido deturpado. Ele não pode ser reduzido à escravidão se não for primeiro deturpado. Os políticos e os padres têm participado de uma profunda conspiração ao longo das eras. Eles têm reduzido a humanidade a uma multidão de escravos. Estão destruindo qualquer possibilidade de rebelião no homem - e o amor é uma rebelião, porque o amor ouve só o coração e não dá a mínima para o resto.
O amor é perigoso porque ele faz de você um indivíduo. O Estado e a Igreja... Eles não querem indivíduos, de jeito nenhum. Não querem seres humanos, querem ovelhas. Querem pessoas que só pareçam seres humanos, mas cuja alma tenha sido esmagada de tal maneira, tenha sido danificada a tal ponto, que o estrago pareça quase irremediável.
E a melhor maneira de destruir o homem é destruir sua espontaneidade de amar. Se o homem tiver amor, não poderá haver nações; as nações existem no ódio. Os indianos odeiam os paquistaneses e os paquistaneses odeiam os indianos - só assim esses dois países podem existir. Se o amor surgir, as fronteiras vão desaparecer. Se o amor surgir, então quem vai ser cristão e quem vai ser judeu?
Se o amor surgir, as religiões desaparecerão.
Se o amor surgir, quem irá ao templo? Para quê? É porque está faltando amor que você sai em busca de Deus. Deus não é nada mais do que um substituto para o amor que está faltando. Como você não é bem-aventurado, não está em paz, não está em êxtase, você está em busca de Deus. Se a sua vida é uma dança, Deus já está no seu coração. O coração amoroso está cheio de Deus. Não há necessidade de mais nenhuma busca, não há necessidade de mais nenhuma prece, não há necessidade de ir a templo nenhum, de procurar padre nenhum.
Por isso o padre e o político, esses dois, são inimigos da humanidade. Eles estão conspirando, pois o político quer governar seu corpo e o padre quer governar sua alma. E o segredo é o mesmo: destruir o amor. Então o homem passa a ser nada além de uma vacuidade, de um vazio, uma existência sem sentido. Então você pode fazer o que quiser com a humanidade e ninguém se rebelará, ninguém terá coragem suficiente para se rebelar.
O amor dá coragem, o amor leva todo o medo embora - e os opressores dependem do seu medo. Eles criam medo em você, mil e um tipos de medo. Você fica cercado de medos, toda a sua psicologia é cheia de medos. Lá no fundo você está tremendo. Só na superfície você mantém uma certa fachada; mas, dentro de você, existem camadas e camadas de medo.
Um homem cheio de medo só pode odiar - o ódio é uma conseqüência natural do medo. Um homem cheio de medo é também cheio de raiva, e um homem cheio de medo é mais contra a vida do que a favor dela. A morte parece um estado repousante para ele. O homem temeroso é suicida, tem uma visão negativa da vida. A vida lhe parece perigosa, pois viver significa que você terá de amar - como você poderá viver? Exatamente como o corpo precisa respirar para viver, a alma precisa de amor para viver. E o amor está definitivamente envenenado.
Envenenando a sua energia de amor, eles criaram uma cisão em você; criaram um inimigo dentro de você, dividiram-no em dois. Eles criaram uma guerra civil, e você está sempre em conflito. E, no conflito, sua energia é dissipada; por isso sua vida não tem sabor, alegria. Não transborda de energia; ela é sem graça, insípida, falta-lhe inteligência.
O amor aguça a inteligência, o medo a embota. Quem quer que você seja inteligente? Não aqueles que estão no poder. Como eles podem querer que você seja inteligente? - porque, se for inteligente, você começará a ver toda a estratégia, os jogos que eles fazem. Eles querem que você seja burro e medíocre. Certamente querem que você seja eficiente no que diz respeito ao trabalho, mas não inteligente; por isso a humanidade vive o seu potencial mínimo.
Os cientistas dizem que o homem comum usa, ao longo de toda vida, só 5% da inteligência. O homem comum, só 5% - e o homem fora do comum? E um Albert Einstein, um Mozart, um Beethoven? Os pesquisadores dizem que mesmo as pessoas muito talentosas não usam mais do que 10%. E aqueles que chamamos de gênios usam só 15%. Pense num mundo em que todos usassem 100% do seu potencial... Então os deuses ficariam enciumados, eles gostariam de nascer na Terra. Então a Terra seria um paraíso, um superparaíso. Do jeito que está agora, ela é um inferno.
Se o homem fosse deixado em paz, em vez de ser envenenado, o amor seria uma coisa simples, muito simples. Não haveria problema nenhum. Seria como a água seguindo a correnteza ou o vapor subindo, as árvores florescendo, os pássaros cantando. Ele seria tão natural e tão espontâneo!
Mas não deixam o homem em paz. Quando a criança nasce, os opressores já estão prontos para cair em cima dela, para dizimar suas energias, distorcê-las a tal ponto, tão profundamente, que a pessoa nunca terá consciência de que está vivendo uma vida falsa, uma pseudovida, de que não esta vivendo a vida como ela deveria ser vivida, como ela nasceu para viver; não saberá que ela está vivendo algo sintético, plástico, que não é sua verdadeira alma. É por isso que milhões de pessoas estão sofrendo do jeito que estão - elas sentem que estão sendo iludidas, que não são elas mesmas, que algo não está muito certo...
O amor é simples se deixarmos que a criança cresça, se a ajudarmos nesse crescimento de uma forma natural. Se a ajudarmos a ficar em harmonia com a natureza e com ela mesma, se a apoiarmos, cuidarmos dela e a estimularmos, em todos os sentidos, a ser ela mesma, uma luz para si mesma, então o amor será simples. Ela será simplesmente amorosa! O ódio será quase impossível porque, antes que você possa ter ódio de alguém, é necessário primeiro que crie o veneno dentro de si mesmo.
Você só pode dar uma coisa a alguém se você a tiver. Só pode odiar se estiver cheio de ódio. E estar cheio de ódio é estar queimando por dentro. Estar cheio de ódio significa que, antes de mais nada, você está machucando a si mesmo. Antes de poder ferir outra pessoa, você tem que ferir a si próprio. O outro pode não ser ferido, isso dependerá dele. Mas uma coisa é absolutamente certa: antes de poder odiar, você tem que ter sofrido muito. A outra pessoa pode não aceitar ser odiada, ela pode rejeitar seu ódio. Ela pode ser um Buda - pode simplesmente rir do seu ódio. Pode perdoar você, pode não ter reação nenhuma. Talvez você não seja capaz de odiá-la, caso ela não esteja pronta para esboçar qualquer reação. Se você não consegue deixá-la perturbada, o que pode fazer ? Sente-se impotente diante dela.
Portanto, a outra pessoa não vai necessariamente se sentir ferida. Embora uma coisa seja absolutamente certa: se você odeia alguém, primeiro tem de ferir sua própria alma de tantas maneiras, tem que estar tão cheio de veneno que consegue atingir os outros com esse veneno.
O ódio não é natural. O amor é um estado saudável; o ódio é um estado doentio. Assim como a doença não é natural. O ódio acontece só quando você se desvia da natureza, quando já não está em harmonia com a existência, já não está em harmonia com seu próprio ser, com sua essência mais profunda. Então você está doente - psicológica e espiritualmente. O ódio é só um símbolo da doença, e o amor, da saúde, da plenitude e da santidade.
O amor devia ser uma das coisas mais naturais deste mundo, mas não é. Pelo contrário, ele se tornou a coisa mais difícil - quase impossível. Odiar ficou mais fácil; você é treinado, é preparado para odiar. Ser hindu é morrer de ódio dos muçulmanos, dos cristãos, dos judeus; ser cristão é morrer de ódio das outras religiões. Ser nacionalista é morrer de ódio das outras nações. Você só conhece um jeito de amar, que é odiar os outros. Você só consegue mostrar o amor que sente pelo seu país odiando os outros países e só consegue mostrar o amor que sente pela igreja odiando as outras igrejas. Sua vida está uma bagunça.
As assim chamadas religiões continuam a falar de amor e tudo o que elas fazem neste mundo é criar mais e mais ódio. Os cristãos falam de amor e têm criado guerras, cruzadas. Os muçulmanos falam de amor e têm criado jihads, guerras religiosas. Os hindus falam de amor, mas você pode ler nas escrituras desse povo - eles estão cheios de ódio, ódio pelas outras religiões. E nós aceitamos toda essa bobagem! Aceitamos sem demonstrar nenhuma resistência, porque fomos condicionados a aceitar essas coisas, fomos ensinados que as coisas são assim mesmo. E então você continua a negar sua própria natureza.
O amor tem sido envenenado, mas não destruído. O veneno pode ser neutralizado, pode ser retirado do seu organismo - você pode ser purificado. Pode vomitar tudo o que a sociedade o forçou a engolir. Pode jogar fora todas as suas crenças e todos os seus condicionamentos - pode se libertar. A sociedade não pode fazer de você um escravo para sempre, caso decida ser livre. Chegou a hora de jogar fora todos os padrões obsoletos e começar uma vida nova, uma vida natural, não repressora, uma vida não de renúncia, mas de alegria. Odiar ficará a cada dia mais impossível. O ódio é o pólo oposto do amor, assim como a doença é o pólo oposto da saúde. Mas você não precisa optar pela doença.
A doença oferece umas poucas vantagens que a saúde não pode oferecer; não se apegue a essas vantagens. O ódio também tem umas poucas vantagens que o amor não tem. E você tem que ser muito observador. A pessoa doente ganha a simpatia de todos; ninguém a fere, todo mundo toma cuidado com o que lhe diz, afinal ela é tão doente! Ela é o centro das atenções, o centro de todo o mundo - da família, dos amigos - passa a ser a pessoa de quem todos falam, uma pessoa importante. Agora, se ela se apegar muito a essa importância, ao fato de seu ego estar satisfeito, ela nunca mais vai querer ser uma pessoa saudável. Ela se agarrará à doença. E os psicólogos dizem que existem muitas pessoas apegadas à doença por causa das vantagens que ela oferece. E essas pessoas investiram tanto tempo nessa doença que se esqueceram completamente de que estão apegadas a ela. Tem medo de que, se ficarem saudáveis, não terão mais ninguém.
Você ensina isso também. Quando uma criancinha fica doente, toda a família se volta para ela. Isso é absolutamente não-científico. Quando a criança estiver doente, cuide do corpo dela, mas não lhe dê atenção demais. É perigoso, porque ela associa a doença à atenção que você lhe dá... O que fatalmente acontece, se isso se repetir muito. Sempre que a criança fica doente, ela passa a ser o centro das atenções de toda a família: o papai vem, senta-se ao lado dela e pergunta como está se sentindo, o médico é chamado, os vizinhos começam a aparecer, os amigos perguntam e as pessoas trazem presentinhos...
Ela pode ficar apegada demais a isso; essa atenção toda pode agradar de tal modo o seu ego que a criança pode não querer ficar boa de novo. E, se isso acontecer, então será impossível ficar saudável. Nenhum remédio a curará. A pessoa se compromete com a doença. E isso é o que acontece com muitas pessoas, com a maioria. Quando você odeia, seu ego fica satisfeito. O ego só pode existir se você odiar, pois quando odeia você se sente superior, sente-se separado, define-se. Quando odeia, você consegue urna certa identidade. No amor, o ego tem de desaparecer. No amor, você não fica mais separado - o amor o ajuda a se fundir com as outras pessoas. Trata-se de um encontro e de uma fusão.
Se você é muito apegado ao ego, odiar é fácil e amar é muito difícil. Fique alerta, atento: o ódio é a sombra do ego. Para amar é preciso grande coragem. É preciso grande coragem porque requer o sacrifício do ego. Só aqueles que estão prontos para se descorporificar são capazes de amar. Só aqueles que estão prontos para transformar-se em nada, para esvaziar-se completamente de si mesmos, são capazes de receber, do além, o dom de amar.
- OSHO -

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Vem, Te direi em segredo Aonde leva esta dança.

Vem,
Te direi em segredo
Aonde leva esta dança.
Vê como as partículas do ar
E os grãos de areia do deserto
Giram desnorteados.
Cada átomo
Feliz ou miserável,
Gira apaixonado
Em torno do sol.

Sentido e intenção

Sentido e intenção não são prerrogativas da mente; atuam em toda a natureza vivente. Não há diferença de princípios entre o crescimento orgânico e o crescimento psíquico.

Carl Jung

sábado, 25 de outubro de 2014

Aproveite este momento, não se prepare para o amanhã.

hoje é maravilhoso - deleite-se nele, deixe ser uma celebração.

‎Osho‬, em "The Path of Love"

Não há novidade alguma

Pediram a Osho:

Osho,
Você poderia comentar sobre este poema de Rumi, que amo tanto:

Lá fora, a noite fria e deserta.
Esta outra noite interior se faz tépida, em brasas.
Deixe a paisagem cobrir-se com uma crosta espinhosa.
Temos um jardim delicado aqui dentro.
Os continentes foram arrasados, cidades e aldeias, tudo se torna uma bola calcinada e escurecida.
As novidades que ouvimos estão cheias de pesar por este futuro.
Mas a verdadeira novidade aqui dentro é que não há novidade alguma.


O poema de Mevlana Jalaluddin Rumi é lindo. Como sempre, ele só diz palavras lindas.

Ele é um dos poetas místicos mais importantes. Essa é uma combinação rara; há milhões de poetas no mundo e há pouquíssimos místicos, mas um homem que seja ambos é raramente encontrado.

Rumi é uma flor muito rara. É igualmente grande como poeta e como místico. Por isso sua poesia não é apenas poesia, não é apenas um lindo arranjo de palavras. Sua poesia contem imenso significado e aponta para a suprema verdade.

Ela não é entretenimento, mas iluminação.

Ele está dizendo: “Lá fora, a noite fria e deserta. Esta outra noite interior se faz tépida, em brasas.” O exterior não é o verdadeiro espaço para você estar. Fora, você é um estrangeiro; dentro, você está em casa. Fora, é uma noite fria e deserta. Dentro, é tépido, aconchegante.

Mas são muito poucos os afortunados que se movem do exterior para o interior. Eles esqueceram completamente quetêm um lar dentro de si mesmos; eles o estão procurando, mas estão procurando no lugar errado. Procuram durante toda sua vida, mas sempre fora. Nunca param por um momento e olham para dentro.

“Deixe a paisagem cobrir-se com uma crosta espinhosa. Temos um jardim delicado aqui dentro.” Não fique preocupado com o que acontece do lado de fora. Dentro há sempre um jardim pronto para acolhê-lo.

“Os continentes foram arrasados, cidades e aldeias, tudo se toma uma bola calcinada e escurecida. As novidades que ouvimos estão cheias de pesar por este futuro.” Essas palavras de Rumi são hoje mais significativas, mais importantes do que quando as escreveu. Ele as escreveu há setecentos anos, mas hoje não são apenas simbólicas: elas se tornarão a realidade.

“Os continentes foram arrasados, cidades e aldeias, tudo se tomou uma bola calcinada e escurecida. As novidades que ouvimos estão cheias de pesar por este futuro. Mas a verdadeira novidade aqui dentro é que não há novidade alguma.”

Essa última sentença vem de um antigo ditado que diz: A ausência de notícia é sinal de que tudo está bem. Nasci numa pequena aldeia onde o carteiro só vinha uma vez por semana. E as pessoas tinham medo de que ele lhes trouxesse uma carta; ficavam contentes quando não havia carta alguma. E de vez em quando havia um telegrama para alguém. E simplesmente o boato de que alguém recebeu um telegrama era um choque tão grande para a aldeia que todos se reuniam... e apenas um homem sabia ler. Todos tinham medo: um telegrama? Isso significa uma má notícia. Senão, por que a pessoa deveria desperdiçar dinheiro com um telegrama?

Aprendi, desde minha infância, que a ausência de notícia é sinal de que tudo está bem. As pessoas ficavam felizes quando não recebiam notícia de seus parentes, de seus amigos ou de qualquer um. Isso significava que tudo ia bem.

Rumi está dizendo: As novidades que ouvimos estão cheias de pesar por este futuro. Mas a verdadeira novidade aqui dentro é que não há novidade alguma. Tudo está silencioso e tudo está lindo, tranquilo, extasiante como sempre esteve. Não há mudança alguma, portanto não há novidade.

Dentro é um eterno êxtase, sempre.

Vou repetir mais uma vez, para que essas linhas possam se tornar uma realidade em sua vida. Antes que isso aconteça, você deve atingir dentro de si esse lugar, onde nenhuma novidade jamais aconteceu, onde tudo éeternamente o mesmo, onde a primavera nunca vem e vai, mas sempre permanece; onde as flores estiveram desde o começo... se já houve algum começo... e haverão de estar até o fim... se houver algum fim. Na verdade, não há começo e não há fim, e o jardim é exuberante, verde e repleto de flores.

Antes que o mundo exterior seja destruído pelos seus políticos, penetre em seu mundo interior. Essa é a única segurança que resta, o único abrigo contra as armas nucleares, contra o suicídio global, contra todos esses idiotas que têm tanto poder de destruição.

Você pode, pelo menos, salvar a si mesmo.

Eu tinha esperança, mas à medida que os dias foram passando, fui conhecendo cada vez mais a estupidez do homem... ainda tenho esperança, mas somente por um velho hábito; na realidade meu coração aceitou o fato de que apenas algumas pessoas podem ser salvas. A totalidade da humanidade está determinada a se autodestruir, e essas pessoas... se você lhes diz como podem ser salvas, elas irão crucificá-lo, irão apedrejá-lo até a morte.

Percorrendo o mundo, ainda estou rindo, mas há uma tristeza sutil nisso. Ainda danço com vocês, mas já não é como mesmo entusiasmo de dez anos atrás.

Parece que os poderes superiores da consciência são impotentes contra os poderes mais baixos e feios dos políticos. O mais elevado é sempre frágil, como uma rosa; você pode destruí-la com uma pedra. Isso não significa que a pedra se torne mais elevada que a rosa, mas simplesmente que a pedra está inconsciente do que está fazendo.

As multidões estão inconscientes do que estão fazendo, e os políticos fazem parte da multidão. São seus representantes, e quando pessoas cegas estão conduzindo outras pessoas cegas, é quase impossível acordá-las, porque a questão não é apenas o sono... elas são cegas também.

Há tempo suficiente para despertá-las, mas não há tempo suficiente para curar seus olhos. Assim, agora me limitei completamente ao meu povo. Esse é meu mundo, porque sei que aqueles que estão comigo podem estar adormecidos, mas não são cegos. Eles podem ser acordados.


Osho, em "Sacerdotes e Políticos: A Máfia da Alma"

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Shiva e Parvati



Shiva e a sua consorte, Parvati, representam a dualidade do Universo Manifestado: Espírito e Matéria, Purusha e Prakriti . A tradição conta que:
O Cosmos girava à volta do Monte Mandara e no seu pico encontrava-se Shiva, em serena meditação, desligado do mundo, transcendendo samsara .
Brahmâ, o Deus Criador, dirigiu-se a Vishnu, o Salvador Cósmico, e perguntou: “Se todas as criaturas sobre a terra renunciarem ao mundo, como Shiva, o Universo cessará de existir. O que poderá ser feito para o evitar?”
Vishnu respondeu: “Temos de lhe arranjar uma mulher que o traga de volta ao mundo. Para que a sociedade sobreviva, mokska - a libertação espiritual, deverá ser complementada com o cumprimento do dharma, o dever material. A senda da renúncia, o yoga, deverá ser balançado como envolvimento na existência, bhoga. Juntos, Shiva e a sua consorte, irão gerar o caminho-do-meio, aquele entre a participação e a renúncia.” Brahmâ concordou.
De repente, o antagonismo entre Brahmâ e Shiva tornou-se claro para os deuses - Brahmâ era rajásico, activo e energético, ao passo que Shiva era tamásico, “passivo” e “inerte”. O que Brahmâ criava, Shiva destruía; o que Shiva destruía, Brahmâ recriava. Ambos justificavam a existência um do outro. Entre Shiva e Brahmâ encontrava-se Vishnu – totalmente sáttvico, tentando constantemente criar um balanço entre o Criador e o Destruidor.
“Mas onde iremos encontrar uma mulher que se equipare a Shiva em espírito e força?!”, exclamou Brahmâ.
“Eu já encontrei uma - a própria Deusa-Mãe”, respondeu Vishnu.
“Sim, sim. Quem melhor do que ela, a personificação de prakriti?! Mas irá ela aceitar?”
“Ela já aceitou… olha, já encarnou como Sati, a filha mais nova de Daksha.”
“Como posso eu casar com ela se eu renunciei ao mundo?!”, gritou Shiva quando Vishnu fez a sugestão. Mas ele não foi capaz de ignorar a intensidade do amor de Sati.
“Porque queres tu casar comigo?”, perguntou Shiva a Sati.
“Porque eu estou incompleta sem ti e tu estás incompleto sem mim.”
“Mas eu não tenho nada para te oferecer.”
“Eu não peço nada a não ser tu.”
A determinação de Sati impressionou Shiva, que a aceitou como sua consorte. Brahmâ e Vishnu rejubilaram.
Daksha, o pai de Sati, o guardião da civilização, não gostava de Shiva, pois este era um eremita que não vivia de acordo com as leis da civilização. Um dia, Daksha tomou a iniciativa de realizar um prodigioso sacrifício, para o qual seria convidada toda a criação, excepto Shiva e Sati. Apesar de Shiva ter tentado demover Sati, esta foi na mesma até casa do pai. Quando lá chegou, junto do fogo sagrado estavam sábios, deuses, deusas, mas ninguém se levantou para a cumprimentar; até o seu pai não se mostrou particularmente feliz por vê-la. De repente, tudo se tornou claro: Sati apercebeu-se que o sacrifício era um elaborado ritual com o objectivo de denegrir o seu Senhor. A humilhação foi tão grande que a morte pareceu a melhor alternativa. A notícia da morte de Sati deixou Shiva destroçado e, então, veio a dor. O Deus experenciou a angústia da separação e da solidão e isolou-se nas cavernas geladas dos Himalaias.
A Deusa-Mãe, encarnação de toda a matéria, nunca é estável, está constantemente num estado de fluxo. A sua morte foi apenas uma transformação. Sati iria retornar noutra forma. Os Deuses sabiam-no e Shiva também…
Nos Himalaias havia um rei chamado Hivamam, casado com a rainha Mena, que tinha uma belíssima filha chamada Parvati ou Uma, filha das montanhas. Parvati era Sati reencarnada, e estava decidida a reconquistar o seu amado. E assim foi… Perante o fogo sagrado, Shiva e Parvati procederam ao ritual que os consagrou marido e mulher e os tornou nas duas partes do Todo. Os dois completavam-se perfeitamente, existindo entre eles uma perfeita harmonia. Parvati era a pupila perfeita e Shiva o professor perfeito. Através das sagradas conversas entre eles, foram revelados os segredos dos Vedas, o esplendor dos Shastras (5), e o mundo foi enriquecido. O Cosmos rejubilou.

domingo, 21 de setembro de 2014

Somente quando não existe meditador, a meditação acontece







Em meditação, desfrute não fazer nada. Esteja em estado de perfeita passividade — então você estará em harmonia com o mundo.

As formas-de-pensamento dissolvem-se automaticamente porque elas não podem existir com a passividade total: elas são formas de uma mente viciada em atividade, e com elas o ego se dissolve — porque ele não pode existir sem formas-de-pensamento.

O ego não é nada mais que o centro de um redemoinho constantemente revolvendo formas-de-pensamento.

Permaneça na passividade, isto é, no estado absoluto de não-fazer, e a meditação se aprofunda a ponto de não existir mais o meditador; e lembre-se de que somente quando não existe o meditador a meditação realmente acontece.

Se você é, então não há meditação, e quando existe meditação você não é.

Osho, em "Uma Xícara de Chá"

Leia mais: http://www.palavrasdeosho.com/#ixzz3DxaiqgOr

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Todas as coisas visíveis são Maya. Maya desaparece através da sabedoria (Jnana), ou da meditação no Espírito (Atma). Deveríamos trabalhar para nos livrarmos de Maya. Maya nos atinge através da mente. A destruição da mente significa a aniquilação de Maya. A meditação profunda e repetida é a única maneira de conquistar Maya. O Senhor Buda, o Raja Bhartrihari, Dattatreya e o Akhow de Gujarat – todos conquistaram Maya e a mente somente pela meditação profunda. Entre no silêncio. Medite. Medite. Solidão e intensa meditação são dois requisitos importantes para a auto-realização.
(…) São as ações da mente que são verdadeiramente denominadas Karmas. Assim que a pernambulação e distração da mente se vai, você terá uma boa meditação. A verdadeira liberação resultado no desentronamento da mente. Aqueles que libertaram a si mesmos das flutuações de suas mentes ganham a posse do Nishtha supremo (meditação). A mente deveria ser limpa de todas as suas impurezas, então ela se torna muito calma e todas as ilusões que aparecem nos nascimentos e mortes são destruídas.
(…) Se você colocar um grande espelho em frente a um cachorro e colocar um pedaço de pão na frente, o cachorro começará a latir ao olhar seu reflexo no espelho. Ele imagina tolamente que há um outro cachorro. Da mesma forma, o homem vê apenas seu próprio reflexo, através da mente-espelho, em todas as pessoas, mas imagina tolamente, como o cachorro, que são todos diferentes dele e luta contra o ódio e a inveja”.
Quando tanto os cincos sentidos como a mente se encontram tranquilos, e a própria razão descansa em silêncio, então sim, começa o caminho supremo. A esta serenidade dos sentidos chamamis ioga -Passagem de Upanishads
"Nós somos seres pulsáteis num universo vibrante, em movimento constante entre o finito e o infinito." - Itzhak Bentov

O Tantra

O Tantra diz: as coisas acontecem quando você não as espera, as coisas acontecem quando você não as força, as coisas acontecem quando você não está ansiando por elas.
Mas isso é uma conseqüência, não um resultado. E fique claramente consciente da diferença entre “conseqüência” e “resultado”. Um resultado é conscientemente desejado; uma conseqüência é um subproduto. Por exemplo: se eu digo a você que se você brincar, a felicidade será a conseqüência, você vai tentar por um resultado. Você vai e brinca e você fica esperando pelo resultado da felicidade. Mas eu lhe disse que ela será a conseqüência, não o resultado.
A conseqüência significa que se você está realmente na brincadeira, a felicidade acontecerá. Se você constantemente pensa na felicidade, então, ela tem de ser um resultado; ela nunca acontecerá. Um resultado vem de um esforço consciente; uma conseqüência é apenas um subproduto. Se você estiver brincando intensamente, você estará feliz. Mas a própria expectativa, o anseio consciente pela felicidade, não lhe permitirá brincar intensamente. A ânsia pelo resultado se tornará a barreira e você não será feliz.
A felicidade não é um resultado, é uma conseqüência. Se eu lhe digo que se você amar, você será feliz, a felicidade será uma conseqüência, não um resultado. Se você pensa que, porque você quer ser feliz, você deve amar, nada resultará disso. A coisa toda será falsificada, porque a pessoa não pode amar por algum resultado. O amor acontece! Não há motivação por detrás dele.
Se há motivação, não é amor. Pode ser qualquer outra coisa. Se eu estou motivado e penso que, porque desejo a felicidade, vou amá-lo, esse amor será falso. E como ele será falso, a felicidade não resultará dele. Ela não virá; é impossível. Mas se eu o amo sem qualquer motivação, a felicidade segue como uma sombra.
O Tantra diz: aceitação será seguida por transformação, mas não faça da aceitação uma técnica para a transformação. Ela não é. Não anseie por transformação - somente então a transformação acontece. Se você a deseja, seu próprio desejo é o obstáculo.
- OSHO, Vigyan Bhairav Tantra, V.1, # 30 -

SÓ EXISTE CONSCIÊNCIA

Existe apenas um estado, não dois estados tais como consciente e inconsciente, existe apenas um estado de ser, que é consciência, embora você possa dividi-la em consciente e inconsciente. Mas essa consciência é sempre do passado, nunca do presente; você está consciente apenas de coisas encerradas. Você está consciente do que estou tentando transmitir no segundo depois, não é? Você compreende no momento seguinte. Você nunca está consciente ou ciente do agora. Olhem seus próprios corações e mentes e vão ver que essa consciência está funcionando entre o passado e o futuro e que o presente é meramente uma passagem do passado para o futuro. Se você olhar sua própria mente trabalhando, verá que o movimento para o passado e para o futuro é um processo em que o presente não existe. Ou o passado é um meio de escapar do presente, que pode ser desagradável, ou o futuro é uma esperança distante do presente. Então a mente está ocupada com o passado ou com o futuro e descarta o presente. Ela ou condena e rejeita o fato ou aceita e se identifica com o fato. Tal mente não é obviamente capaz de ver qualquer fato como um fato. Esse é nosso estado de consciência, que está condicionado pelo passado e nosso pensamento, é a resposta condicionada ao desafio de um fato; quanto mais você responde de acordo com o condicionamento de uma crença, do passado, mais o passado fica fortalecido. Esse fortalecimento do passado é, obviamente, a continuidade dele mesmo, que ele chama futuro. Então esse é o estado de nossa mente, de nossa consciência; um pêndulo indo e vindo entre o passado e o futuro.
J. Krishnamurti
Fonte: The Book of Life

sábado, 23 de agosto de 2014

Solidão

"Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... Isto é carência!
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... Isto é saudade!
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes para realinhar os pensamentos... Isto é equilíbrio!
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente... Isto é um princípio da natureza!
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... Isto e circunstância!
Solidão é muito mais do que isto...
SOLIDÃO é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma."


Fátima Irene Pinto

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

"Hay que luchar por cada bocanada de aire y mandar la muerte al carajo."

Diário de Motocicletas

quinta-feira, 31 de julho de 2014

As Antenas





Cerca de 60 milhões de anos-luz de distância no sul da constelação de Corvus, duas grandes galáxias colidiram. Mas as estrelas das duas galáxias – NGC 4038 e NGC 4039 – não entram em conflito no decorrer de bilhões de anos ou mais desse longo evento.
Em vez disso, suas grandes nuvens de gás molecular e poeira desencadeiam episódios furiosos de formações estelares.
Abrangendo cerca de 500 mil anos-luz de comprimento, esta visão deslumbrante revela novos aglomerados de estrelas e matéria arremessada longe do local do acidente por forças de maré gravitacional.


Claro, o aspecto visual das estruturas de arcos distantes dá ao par de galáxias seu nome popular – Antenas. Gravado nesta imagem profunda da região,na ponta do arco superior é uma galáxia anã NGC 4038S, formada em escombros cósmicos.

terça-feira, 29 de julho de 2014

O amor se torna apego porque não existe nenhum amor




Perguntaram a Osho:

Você disse que o amor pode nos tornar livres. Mas comumente nós vemos que o amor se torna apego, e ao invés de nos libertar ele nos torna mais amarrados. Assim, diga-nos alguma coisa sobre apego e liberdade.

O amor se torna apego, porque não existe nenhum amor. Você estava apenas num jogo, enganando a si mesmo. O apego é a realidade; o amor era apenas um prelúdio. Assim, sempre que você se apaixona, mais cedo ou mais tarde, você descobre que você se tornou um instrumento - e, então, toda a miséria começa. Qual é o mecanismo? Por que isso acontece?

Há alguns dias, um homem veio a mim e ele estava se sentindo muito culpado. Ele disse: “Eu amei uma mulher, eu a amei muito. No dia em que ela morreu, eu estava chorando e pranteando, mas de repente eu me tornei consciente de uma certa liberdade dentro de mim, como se alguma carga tivesse me deixado. Eu senti um profundo alívio, como se tivesse me tornado livre”.

Naquele momento, ele se tornou consciente de uma segunda camada de seu sentimento. Externamente ele estava chorando e pranteando e dizendo: “Eu não posso viver sem ela. Agora será impossível, ou a vida será apenas como a morte. Mas bem fundo” - ele disse - “eu me tomei consciente de que estou me sentindo muito bem, que agora eu estou livre”.

Uma terceira camada começou a sentir culpa. Ela lhe dizia: “O que você está fazendo”? E um corpo morto estava deitado ali, bem à sua frente, ele me contou, e ele começou a sentir uma enorme culpa. Ele me disse: “Ajude-me. O que está acontecendo à minha mente? Eu a traí tão cedo”?

Nada aconteceu; ninguém foi traído. Quando o amor se torna apego, ele se torna uma carga, uma escravidão. Mas por que o amor se torna um apego? A primeira coisa a ser entendida é que se o amor se torna um apego, você estava apenas em uma ilusão de que aquilo era amor. Você estava apenas brincando consigo mesmo e pensando que aquilo era amor. Na verdade, você estava necessitado de apego. E se você for ainda mais fundo, descobrirá que você estava também necessitando de se tornar um escravo.

Há um medo sutil da liberdade e todo mundo quer ser um escravo. Todo mundo, naturalmente, fala sobre liberdade, mas ninguém tem a coragem de ser realmente livre, porque quando você é realmente livre, você está só. Se você tem coragem de estar só, somente então, você pode ser livre.

Mas ninguém é corajoso o suficiente para estar só. Você precisa de alguém. Por que você precisa de alguém? Você tem medo de sua própria solidão. Você se torna entediado consigo mesmo. E na verdade, quando você está sozinho, nada parece significativo. Com alguém, você fica ocupado e você cria significados artificiais à sua volta.

Você não pode viver para si mesmo; assim, você começa a viver para outra pessoa. E também é o mesmo caso com a outra pessoa: ele ou ela não pode viver sozinho; assim, ele está na busca para encontrar alguém. Duas pessoas que estão com medo de suas próprias solidões, reúnem-se e começam um jogo - um jogo de amor. Mas, bem no fundo, elas estão buscando apego, compromisso, escravidão.

Assim, mais cedo ou mais tarde, tudo o que você deseja acontece. Essa é uma das coisas mais lamentáveis no mundo. Tudo o que você deseja chega a acontecer. Você a terá mais cedo ou mais tarde e o prelúdio desaparecerá. Quando a sua função for cumprida, ele desaparecerá. Quando você se tornou uma esposa ou um marido, escravos um do outro, quando o casamento aconteceu, o amor desaparece, porque o amor era apenas uma ilusão na qual duas pessoas poderiam se tornar escravas uma da outra.

Diretamente você não pode pedir por escravidão; é muito humilhante. E diretamente você não pode dizer para alguém: “Torne-se meu escravo”. - ...ele irá se revoltar. Nem você pode dizer: “Quero me tornar um seu escravo”; assim, você diz: “Eu não posso viver sem você”. Mas o significado está presente; é o mesmo. E quando isso - o desejo real - é preenchido, o amor desaparece. Então, você sente servidão, escravidão e, então, você começa a lutar para se tornar livre.

Lembre-se disso. Este é um dos paradoxos da mente: tudo o que você conseguir, você irá se aborrecer com aquilo, e tudo o que você não conseguir, você ansiará profundamente. Quando você está sozinho, você ansiará por alguma escravidão, alguma servidão. Quando você está em uma servidão, você começará a desejar liberdade. Na verdade, somente escravos desejam liberdade, e pessoas livres tentam novamente ser escravas. A mente continua como um pêndulo, movendo-se de um extremo ao outro.

O amor não se torna apego. O apego era a necessidade; o amor era apenas uma isca. Você estava a procura de um peixe chamado apego; o amor era apenas uma isca para pegar o peixe. Quando o peixe é apanhado, a isca é jogada fora. Lembre-se disso e, sempre que você estiver fazendo alguma coisa, vá fundo dentro de si mesmo para encontrar a causa básica.

Se existir amor real, ele nunca se tornará apego. Qual é o mecanismo para o amor se tornar apego? No momento em que você diz para seu amante ou amada “eu só amo você”, você começou a possuir. E no momento em que você possui alguém, você o insultou profundamente, porque você o tornou uma coisa.

Quando eu o possuo, você não é uma pessoa então, mas apenas um item a mais dentre a minha mobília - uma coisa. Então, eu o uso e você é minha coisa, minha posse; assim, eu não permitirei que ninguém mais o use. Isso é uma barganha na qual eu sou possuído por você e você faz de mim uma coisa. Isso é uma barganha, que “agora” ninguém mais pode usá-lo. Ambos os parceiros se sentem atados e escravizados. Eu o tomo um escravo, então, você, em troca, faz de mim um escravo.

Então a luta começa. Eu quero ser uma pessoa livre e, ainda assim, eu quero que você seja possuído por mim; você quer manter a sua liberdade e, ainda assim, me possuir — esta é a luta. Se eu o possuo, eu serei possuído por você. Se eu não quero ser possuído por você, eu não deveria possuí-lo.

A posse não deveria entrar no meio. Nós devemos permanecer indivíduos e devemos nos mover como consciências independentes e livres. Nós podemos ficar juntos, nós podemos nos fundir um no outro, mas sem posse. Então, não há servidão e, então, não há apego.

O apego é uma das coisas mais feias. E quando eu digo “mais feia”, eu não quero dizer apenas religiosamente, eu quero dizer também esteticamente. Quando você está apegado, você perdeu a sua solidão, a sua solitude: você perdeu tudo. Apenas para se sentir bem - porque alguém precisa de você e alguém está com você - você perdeu tudo, perdeu a si mesmo.

Mas a armadilha é que você tenta ser independente e você torna o outro a posse - e o outro está fazendo a mesma coisa. Assim, não possua se você não quer ser possuído.

Jesus disse em algum lugar: “Não julgue para não ser julgado”. É a mesma coisa: “Não possua para não ser possuído”. Não faça de ninguém um escravo; do contrário você se tornará um escravo.

Os assim chamados mestres são sempre servos de seus próprios servos. Você não pode se tornar um mestre de alguém sem se tornar um servo - isso é impossível.

Você só pode ser um mestre quando ninguém é um servo para você. Isso parece paradoxal, porque quando eu digo que você só pode se tornar um mestre quando ninguém é um servo para você, você dirá: “Então o que é o mestrado? Como eu sou um mestre quando ninguém é um servo para mim”? Mas eu digo que somente então, você é um mestre. Então, ninguém é um servo para você e ninguém tentará torná-lo um servo.

Amar a liberdade, tentar ser livre, significa basicamente que você chegou a uma profunda compreensão de si mesmo. Agora, você sabe que você é suficiente para si mesmo. Você pode compartilhar com os outros, mas você não é dependente. Eu posso compartilhar a mim mesmo com alguém. Eu posso compartilhar o meu amor, eu posso compartilhar minha felicidade, eu posso compartilhar minha alegria, meu silêncio com alguém. Mas isso é um compartilhar, não uma dependência. Se não houver ninguém, eu estarei igualmente feliz, igualmente alegre. Se alguém está presente, isso também é bom e eu posso compartilhar.

Quando você perceber sua consciência interior, seu centro, somente então, o amor não se tornará um apego. Se você não conhecer seu centro interior, o amor se tornará um apego. Se você conhecer o seu centro interior, o amor se tornará uma devoção. Mas você deve primeiro estar presente para amar, e você não está.

Buda estava passando por um vilarejo. Um jovem veio até a ele e disse: “Ensine-me algo: como eu posso servir aos outros”?

Buda riu para ele e disse: “Primeiramente, seja. Esqueça os outros. Primeiramente, seja você mesmo e, então, todas as coisas se seguirão”.

Exatamente agora você não é. Quando você diz “quando eu amo alguém isso se torna um apego”, você está dizendo que você não é; assim, tudo o que você faz dá errado, porque o fazedor está ausente. O ponto interior de consciência não está presente; assim, tudo o que você faz, dá errado. Primeiro seja e, então, você pode compartilhar seu ser. E esse compartilhar será amor. Antes disso, tudo o que você fizer se tornará um apego.

E, por último: se você está lutando contra o apego, você tomou uma direção errada. Você pode lutar. Assim, muitos monges - reclusos, saniássins - estão fazendo isso. Eles sentem que estão apegados às suas casas, às suas propriedades, às suas esposas, aos seus filhos e eles se sentem engaiolados, aprisionados.

Eles fogem, deixam suas casas, deixam as suas esposas, deixam seus filhos e posses e eles se tornam mendigos e escapam para a floresta, para a solidão. Mas vá lá e observe-os. Eles se tornaram apegados aos seus novos arredores.

Eu estive visitando um amigo que estava em uma vida reclusa embaixo de uma árvore em uma floresta densa, mas havia outros ascetas também. Um dia, aconteceu de eu estar com esse recluso embaixo de sua árvore e um novo buscador ter vindo enquanto meu amigo estava ausente. Ele tinha ido ao rio tomar um banho. Embaixo de sua árvore o novo saniássin começou a meditar.

O homem voltou do rio e empurrou o novato da árvore, e disse: “Esta é minha árvore. Vá e encontre outra, em algum outro lugar. Ninguém pode se sentar sob a minha árvore”. E esse homem tinha deixado a sua casa, a sua esposa, os seus filhos. Agora a árvore se tornou uma posse - você não pode meditar embaixo da árvore dele.

Você não pode escapar tão facilmente do apego. Ele tomará novas formas, novos contornos. Você será enganado, mas ele estará presente. Assim, não lute com o apego, apenas tente entender por que ele existe. E, então, conheça a causa profunda: devido a você não ser, esse apego existe.

Dentro de você, o seu próprio ser está tão ausente, que você tenta se apegar a qualquer coisa a fim de se sentir a salvo. Você não está enraizado; assim, você tenta fazer de qualquer coisa às suas raízes. Quando você está enraizado em seu ser, quando você sabe quem você é, o que é esse ser que está dentro de você e o que é essa consciência que está em você, então, você não se apegará a ninguém.

Isso não significa que você não amará. Na verdade, somente então, você pode amar, porque então o compartilhar é possível - e sem nenhuma condição, sem nenhuma expectativa. Você simplesmente compartilha, porque você tem uma abundância, porque você tem tanto que está transbordando.

Esse transbordamento de si mesmo é amor. E quando esse transbordamento se torna uma enchente, quando, por seu próprio transbordamento, o universo inteiro é preenchido e seu amor toca as estrelas, em seu amor a terra se sente bem e em seu amor todo o universo é banhado; então, isso é devoção.

Osho, em "O Livro dos Segredos"


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