terça-feira, 29 de julho de 2014

Não se torture

O mestre Lu-Tzu diz:
"Quando se começa a levar adiante a decisão, cuidados devem ser tomados para que tudo possa acontecer de uma maneira confortável e relaxada."
Essa é a primeira coisa a ser entendida. Uma vez que você tome a decisão de seguir o caminho para dentro, uma vez que você tome a decisão de ser um sannyasin, de ser um meditador, uma vez que você tome a decisão que agora o interior está chamando e você vai procurar e buscar pela questão 'Quem sou?', então a primeira coisa a ser lembrada é: não se mova de uma maneira tensa. Mova-se de uma maneira muito relaxada, certifique-se de que sua jornada interior está confortável. Isso agora é de imensa importância.

Normalmente esse primeiro erro acontece a todo mundo. As pessoas começam a fazer sua jornada interior desnecessariamente complicada, desconfortável. Isso acontece por uma certa razão. As pessoas estão raivosas com os outros em sua vida normal. Elas estão violentas com os outros. Em suas extrovertidas jornadas normais elas são sádicas: elas gostam de torturar os outros, de derrotar os outros, de competir com os outros, de conquistar os outros. Todo o seu prazer está em como fazer os outros se sentirem inferiores a elas.

Isso é a sua jornada extrovertida. Isso é a política. Essa é a mente política, constantemente tentando tornar-se superior aos outros, legalmente ou ilegalmente, mas mantendo o constante esforço para derrotar os outros, a qualquer custo. Mesmo que o outro tenha que ser destruído, então que ele seja destruído. Mas há que se vencer: ser o primeiro-ministro, ser o presidente, ser isto ou aquilo, a qualquer custo. E todos são inimigos, pois todos são competidores.

Lembre-se disto: toda a sua educação prepara-o e dá-lhe prontidão para lutar. Ela não o prepara para a amizade e o amor; ela o prepara para o conflito, a inimizade e a guerra.

Sempre que há competição, é muito provável que exista inimizade. Como você pode ser amigável com pessoas que estão competindo consigo, que são perigosas para você e para quem você é perigoso? Ou elas vencerão e você será derrotado, ou você será o vencedor e elas terão que ser derrotadas. 

Assim, tudo o que vocês chamam de amizade, é simplesmente uma fachada, uma formalidade. É um tipo de lubrificante que faz a vida se movimentar suavemente, mas no fundo ninguém é amigo. Mesmos os amigos não são amigos pois eles estão se comparando, uns com os outros, brigando uns com os outros. Este mundo tornou-se um campo de guerra devido à educação orientada para a ambição e a política. 

Quando um homem se volta para dentro o problema surge: o que ele fará com sua raiva, inimizade, agressão e violência? Agora ele está só; ele começará a se torturar, ele ficará raivoso consigo mesmo. Isto é o que são os chamados Mahatmas. Por que eles se torturam? Por que eles jejuam? Por que eles se deitam em camas de espinho? Quando existe uma árvore com uma bela sombra, por que eles permanecem em pé sob o sol quente? Quando está quente, por que eles se sentam ao lado do fogo? Quando está frio, por que eles permanecem em pé nus dentro dos rios ou na neve? Estes são os políticos invertidos. Primeiro eles estavam brigando com os outros. Agora não há com quem brigar e eles estão brigando consigo mesmos.

Eles são esquizofrênicos, eles estão divididos. Agora é uma guerra civil, eles estão lutando contra o corpo. O corpo é a vítima dos seus chamados Mahatmas. O corpo é inocente, ele não fez coisa alguma errada para você, mas as suas chamadas religiões seguem ensinando que o corpo é o inimigo; torture-o. 

A jornada extrovertida era uma jornada de sadismo. A introvertida se torna uma jornada de masoquismo, você começa a se torturar. E existe um certo prazer, uma certa alegria pervertida em se torturar. Se você pesquisar na história, ficará surpreso, você não acreditará no que o homem tem feito consigo mesmo.

Pessoas têm ferido seus corpos e têm mantido aquelas feridas sem curá-las; porque o corpo é o inimigo. Existem seitas cristãs, seitas hindus, seitas jainas e muitas outras que se tornaram muito astutas, habilidosas e eficientes no que diz respeito à tortura do próprio corpo. Eles desenvolveram grandes métodos de como torturar o corpo. (...)

Toda espécie de estupidez tornou-se possível por causa de um simples erro. O erro é: enquanto você vive externamente, você tentar fazer com que a vida seja difícil para os outros; e quando você começa a se voltar para dentro, existe uma possibilidade de que a velha mente tentará fazer com que a sua vida seja difícil. Lembre-se de que o buscador interior tem que estar confortável, porque somente numa situação confortável, num estado relaxado, alguma coisa pode acontecer.

Quando você está tenso e desconfortável, nada é possível. Quando você está tenso e desconfortável, sua mente está preocupada, você não está num espaço de silêncio. Quando você está faminto, como você pode estar num espaço de silêncio. E as pessoas têm ensinado a jejuar e dizem que o jejum o ajudará a meditar. 

Uma vez ou outra, o jejum pode ajudá-lo a ter uma saúde melhor, ele tirará alguns quilos do seu corpo, quilos desnecessários. Mas o jejum não pode ajudar a meditação. Quando você está jejuando, constantemente estará pensando em comida. (...)

As pessoas que estão reprimindo suas fomes, estão constantemente pensando em comida. É natural. Como você consegue meditar? Quando você está jejuando, cardápios e mais cardápios começam a flutuar em sua mente, eles vêm de todos os lugares; belos pratos. Com todo o cheiro de comida, pela primeira vez você começará a sentir que seu nariz está vivo, e que sua língua está viva. É bom jejuar de vez em quando para que você possa se interessar novamente pela comida, mas isso não é bom para a meditação. É bom para que seu corpo fique um pouco mais sensitivo e assim você possa saborear novamente. O jejum deve estar a serviço da festa.

É bom não comer de vez em quando, assim o apetite pode voltar. Para a saúde é bom, mas a meditação nada tem a ver com isso. Será mais difícil meditar quando você está com fome do que quando você está totalmente satisfeito. Sim, comer demais lhe trará problemas de novo, porque quando você come em demasia você se sente sonolento. E quando você não come nada você se sente faminto.

Estar no meio é o caminho certo: o Meio Dourado.

Coma de modo que você não sinta fome, mas não coma demais para você não ficar sobrecarregado, sonolento. E a meditação será mais fácil. O Meio Dourado tem que ser seguido de todas as maneiras, em todo tipo de situações.

Esteja confortável, esteja relaxado. Não há qualquer necessidade de se torturar, nem de criar problemas desnecessários. Abandone essa mente de raiva, violência e agressão; e somente então você conseguirá mover-se para dentro. Porque somente numa consciência relaxada é possível flutuar internamente, cada vez mais fundo. Em completo relaxamento alcança-se o centro mais interno. (...)"

Osho, em "The Secret of Secrets"


Leia mais: http://www.palavrasdeosho.com/2010/02/nao-se-torture.html#ixzz38tnKIJip

a simples arte de adentrar o centro de seu ser e ver o mundo a partir de lá, onde a perspectiva é totalmente diferente

Buda, Cristo, Zaratustra, Lao Tsé — todos esses indivíduos conheceram uma única coisa: a simples arte de adentrar o centro de seu ser e ver o mundo a partir de lá, onde a perspectiva é totalmente diferente.

Seu mundo inteiro fica diferente, não é mais o mesmo mundo. Em um certo sentido, tudo permanece igual, e em outro nada é igual.

É uma experiência tão linda, um êxtase tão grande que as palavras não são suficientes para expressá-lo. 

Nem mesmo a poesia, a música ou a dança podem ser indicações reais dessa experiência. Não há como expressá-la com gestos.

Cada pessoa tem de conhecê-la.

E o único jeito de conhecê-la é conhecê-la.


Osho, em "Meditações Para o Dia"


Leia mais: http://www.palavrasdeosho.com/2009/11/o-unico-jeito-de-conhece-la-e-conhece.html#ixzz38tk7PCtg

Inquérito ou convite?

Perguntaram a Osho:

Você ingere bebidas intoxicantes?

Como posso responder a essa pergunta? - porque antes de responder eu preciso saber se isso é um inquérito ou um convite

Osho, em "Zen The Path of Paradox"


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Um dia a mente recua completamente




A mente tem muito medo de se abrir porque ela existe basicamente devido ao medo. Quanto mais destemida for a pessoa, menos ela usará a mente. Quanto mais medo ela tiver, mais usará a mente.

Você talvez tenha observado que, quando está com medo, ansioso, quando existe algo que o preocupa, a mente fica em primeiro plano. Quando você está ansioso, a mente fica muito presente. Do contrário, a mente não fica tão presente.

Quando tudo vai bem e não existe medo, a mente fica para trás. Quando as coisas dão errado, a mente simplesmente salta na frente e assume a liderança. Em tempos de perigo, ela vira líder. A mente é como os políticos.

Adolf Hitler escreveu em sua autobiografia, Mein Kampf, que você tem que deixar o país sempre com medo se quiser permanecer na liderança. Mantenha o país sempre com medo de que o vizinho vá atacar, de que existam países que estejam planejando um ataque, que estejam se preparando para atacar — continue criando rumores. Nunca deixe as pessoas sossegadas, porque quando estão sossegadas elas não se importam com os políticos. Quando as pessoas estão realmente tranquilas, os políticos perdem o sentido. Mantenha as pessoas com medo e o político será poderoso.

Sempre que há uma guerra, o político vira um grande homem. Churchill ou Hitler ou Stalin ou Mao — eles foram todos produtos da guerra. Se não houvesse uma Segunda Guerra Mundial, não haveria Winston Churchill e nenhum Hitler ou Stalin. A guerra cria situações, dá oportunidades para que as pessoas dominem e se tornem líderes. Com a política da mente acontece o mesmo.

A meditação não é nada mais do que criar uma situação em que a mente tenha cada vez menos o que fazer. Você fica tão sem medo, tão cheio de amor, tão em paz — fica tão satisfeito com o que quer que esteja acontecendo que a mente não tem nada a dizer. Então a mente logo vai ficando para trás, ficando para trás, tomando uma distância cada vez maior.

Um dia a mente recua completamente — e aí você se torna o universo. Você não fica mais confinado no seu corpo, não fica mais confinado em nada — você é espaço puro. É isso que é Deus. Deus é espaço puro.

O amor é o caminho rumo a esse espaço puro. O amor é o meio e Deus é o fim.

Osho, em "Coragem — O Prazer de Viver Perigosamente"


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quinta-feira, 24 de julho de 2014

Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das
 drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes… tenho um apetite 
voraz e os delírios mais loucos.Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:- E daí? Eu adoro voar!Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre.

Coração partido

A dor no coração é boa; aceite-a com alegria, permita-a, não a reprima.

A tendência natural da mente é reprimir tudo o que seja doloroso. Mas, ao reprimi-lo, você destruirá algo que estava crescendo.

O coração é feito para ser partido. Seu propósito é este: ele deveria se dissolver em lágrimas e desaparecer.

O coração é para evaporar, e, quando ele evapora, exatamente no mesmo lugar onde ele estava você virá a conhecer o coração real.

Esse coração precisa ser partido. Uma vez despedaçado, subitamente você virá a conhecer um coração mais profundo.

É como uma cebola: você a descasca, e uma nova camada estará presente.

Osho, em "Osho Todos os Dias: 365 Meditações Diárias"


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sexta-feira, 18 de julho de 2014

Afrodite ou Vênus

Afrodite era a Deusa do amor e da beleza, a mais encantadora mulher do universo, que seduzia homens e deuses. Alguns dizem que era filha de Zeus e Dione, mas a estória mais popular era a que ela teria nascido da espuma do mar, aparecendo nua de uma concha, perto da ilha de Creta, que tinha poucas flores e pássaros e era árida e rochosa, mas que, ao ser pisada pela Deusa desabrochou, tornando-se um dos lugares mais belos da Grécia, apesar disso, a Deusa mudou-se para Cyprus. As duas ilhas foram consagradas a Afrodite.
O vento soprava a sua volta, flores brotavam a seus pés, as ondas do mar sorriam, ela se movia em luz radiante. Sem ela não haveria alegria ou beleza. Mas Afrodite tinha um lado fraco, com desejos humanos, traiçoeiro e malicioso, exercendo um poder destrutivo e mortal sobre os homens.
Zeus viu Afrodite e, porque ela era a mais bela criatura que ele já havia visto, levou-a para o Olympo.
Hera a viu e decidiu que ela traria problemas e sugeriu a Zeus casá-la o mais breve possível se ele não quisesse ver guerras e lutas na disputa pela mão da bela. Hera estava certa, pois Afrodite era infiel, vaidosa e traiçoeira, mas os deuses só viam sua beleza, e quase todos ofereceram suas mais valiosas posses por sua mão.
Poseidon prometeu torná-la rainha dos mares e dar-lhe palácios de corais, pérolas e riquezas que ninguém na terra conhecia. Promete-lhe ainda, o poder da vida e da morte sobre os marinheiros e pescadores. Mas riquezas e poder não interessavam a Afrodite, somente o poder de seduzir quem dela se aproximasse lhe interessava, então ela disse não a Poseidon.
Apollo e Hermes também candidataram-se , mas ela apenas lhes sorriu em resposta.
Hera, preocupada com o interesse crescente de Zeus em Afrodite, trouxe Vulcano de seu ateliê e sugeriu a Zeus que ele, por ser um Deus trabalhador e equilibrado, daria um excelente marido para Afrodite. Zeus finalmente concordou.
Afrodite aceitou o Deus da forja porque ele lhe prometeu fabricar as jóias mais belas já vistas no universo e também porque ela achava que ele não lhe vigiaria de perto e assim ela poderia Ter inúmeros casos amorosos. E foi o que aconteceu. Logo no começo do casamento Afrodite teve 3 filhos e o pai deles era o Deus da guerra, Marte. Seu marido só ficou sabendo porque Hélios contou-lhe.
Vulcano resolveu então flagrá-la. Construiu uma rede bem fina e forte e colocou-a sobre o quarto de Afrodite, dizendo-lhe que iria viajar. Afrodite convidou Marte a visitá-la e quando estava juntos a rede caiu por sobre eles e Vulcano entrou no quarto trazendo todos os outros deuses. Disse então a Zeus que não queria mais Afrodite como esposa e que queria todos os tesouros que havia lhe dado por sua mão.
Zeus não queria devolver os tesouros, mas os outros deuses prometeram-lhe o equivalente se pudessem Ter Afrodite, infiel ou não, como esposa.
Os deuses Poseidon, Marte, Dionísio e Hermes competiram entre si por ela e Afrodite teve casos com todos, tendo vários filhos com cada um.
Afrodite tinha o poder de banhar-se no mar e voltar a ser virgem, independente de quantos amantes ou filhos tivesse. Por isso, vulcano, ainda apaixonado por ela, tornou-a sua esposa novamente. Afrodite nunca mudou. Seguiu sendo infiel, flertando e amando outros.
Entre seus filhos, um herdou seus talentos e usava o amor para causar confusão. Conhecido como Eros ou Cúpido era um garotinho que nunca crescia. Sua mãe lhe presenteou com um arco e duas flechas. Um arco, atirado no coração produz amor eterno. Outro, a indiferença total. Eros divertia-se atirando um em uma pessoa e depois o outro no objeto do amor eterno desta, então o apaixonado passaria a vida correndo atrás do indiferente, enquanto Eros ria.
Todas as deusas odiavam Afrodite. Todos os deuses a desejavam. Na verdade, Afrodite nunca foi amada de verdade, somente desejada.
Suas aves eram a pomba e o Cisne.

Bibliografia:
Mythology - Edith Hamilton -Little, Brown and company

Trecho do livro Fala Sério! Você Também Não Está a Fim Dele, de Ian Kerner

Capítulo 3 - Você também não está a fim dele, mas isso não a impediu de transar como um homem
“As mulheres precisam de uma razão para fazer sexo; os homens só precisam de um lugar.”
- Do filme Amigos, sempre amigos
Conforme discutimos no capítulo anterior, muitas mulheres estão por aí tentando transar como os homens. Mas o que significa “transar como os homens”? A menos que se veja em outro remake deSexta-feira muito louca e acorde com um pênis, você jamais saberá como é. No entanto, não se preocupe. Vou guiá-la pela jornada.
Será que os homens realmente fazem sexo de maneira tão diferente das mulheres? Caso façam, existem diferenças sociais ou biológicas? E o que os homens têm que os permite ter prazer em situações sem qualquer emoção?
Para tentarmos conseguir uma resposta potencial, vamos recorrer à natureza e explorar por que a “atração animal” é a regra em vez de a exceção (se fosse uma aula de biologia, estaríamos mostrando uma série de slides , portanto não durma!).
Dos homens e dos ratos
“É claro que a idéia de amor e felicidade e de todas aquelas coisas é bastante atraente. Mas o que isso tem a ver com transar?” - Steven, 33, corretor de imóveis, Atlanta
Vamos falar sério, aquele cara com quem você dormiu (sim, aquele mesmo, que usa toneladas de Drakar Noir) não transou como um homem e sim como um rato. O que quero dizer com isso? Bom, como muitos mamíferos, os ratos não são monogâmicos. Sua principal preocupação é o ato sexual, não o parceiro com quem estão fazendo sexo. Tenho certeza de que soa bastante familiar. Nessa analogia, os ratos contrastam com o arganazdo- campo, um pequeno animalzinho fofo que possui a notável distinção de estar entre os 3% de todos os mamíferos que copulam para a reprodução. (É isso mesmo, 97% dos mamíferos não fazem isso, inclusive muitos dos homens que você costuma trazer para casa de umbar às duas horas da manhã.)
Diferente dos ratos, o arganaz-do-campo é seletivo. Sim, eles se preocupam com quem estão dormindo porque sexo é parte de todo um processo de acasalamento. Eles buscam isso para a longa jornada. Os arganazes-do-campo não estão interessados só em sexo, mas, assim que escolhem um parceiro, cruzam como loucos (mais de 50 vezes em dois dias) e então começam a estabelecer vínculos para toda a vida: fazer o ninho, copular, proteger e alimentar. No caso do arganaz-do-campo, o sexo fecha um contrato; nos ratos, é apenas um meio para um fim: mais sexo.
Agora, embora você possa estar tentada a sugerir que os homens são ratos e as mulheres são arganazes-do-campo, minha experiência diz que não é tão pão-pão, queijo-queijo assim (existe um pouco de rato em todas vocês mulheres e muitos homens possuem um arganaz-do-campo dentro de si, em algum lugar, bem escondido).
Com o tempo, verificou-se que os ratos e os arganazes-docampo têm algumas coisas em comum. Os dois produzem uma substância química no cérebro chamada dopamina. Ogden Nash escreveu que “doce é bom, mas o álcool é mais rápido”. Bom, a dopamina deixa os dois engolindo poeira. Ela é considerada uma anfetamina natural e exerce um importante papelna excitação sexual e na conquista do objetivo. Ela nos prende ao sexo; é parte do coquetel de substâncias liberadas pelo sexo que nos intoxicam durante o ato. Entretanto, dê uma chance à dopamina, e ela realizará uma façanha de alquimia: transforma o calor da testosterona em amor romântico. Quando o sexo é negado, ela dispara os centros de recompensa no cérebro masculino - ele quer cada vez mais, e é a dopamina que alimenta a jornada.
A dopamina é a substância cuja “ausência faz o coração ficar mais apaixonado”. Contudo, quando é disparada durante o sexo casual, não tem qualquer chance de se estabelecer. Nos ratos, a dopamina alimenta a busca pelo próximo orgasmo, que, em geral, está bem na próxima esquina. No entanto, na presença de dois outros hormônios - vasopressina (nos homens) e oxitocina (nas mulheres) -, ela nos leva a depositar nossas emoções disparadas pela dopamina em uma única pessoa, inspirando, assim, a monogamia. Conforme já mencionado no capítulo anterior, a oxitocina é o hormônio responsável pelo arrependimento pós-orgasmo. Quando você está com alguém de quem gosta, ela resulta na sensação de completude quando ele a abraça forte. Nos homens, a vasopressina ajuda a se sentir protetor e terno (e, bem lá no fundo, paternal). Pense nesses hormônios como um gole de cerveja dado à dopamina - fazem você ultrapassar os limites, mas também fazem a caçada valer a pena.
Quando você transa por transar com alguém de quem não está muito a fim, está soltando o rato que existe em você, em vez de buscar seu arganaz-do-campo em seu companheiro ideal que anda se comportando como um rato. É importante observar, a partir de um ponto de vista psicológico, que as mesmas substâncias químicas que inspiram o homem a transar como um rato podem fazer com que faça amor como um arganaz-do-campo.
Sexo é algo poderoso e uma das desvantagens de torná-lo casual é a desvalorização de um dos principais componentes do processo da conquista: o que costumo chamar de dança ou, para vocês arganazes-do-campo que estão por aí, a caça. Não estou dizendo que você não possa fazer sexo casual, se apaixonar e viver feliz para sempre, mas é bem menos provável, e certamente mais do que um desafio, quando entendemos como somos equipados. A verdade é que a natureza já nos equipou com essas ferramentas antes da contracepção, e a revolução sexual aperfeiçoou ainda mais o sistema.
Então, o que isso significa? Basicamente que a natureza está mais preocupada com a propagação de futuras gerações do que com uma boa transa.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Drogas: 5 mil anos de viagem

Há cerca de 5 mil anos, uma tribo de pigmeus do centro da África saiu para caçar. Alguns deles notaram o estranho comportamento de javalis que comiam uma certa planta. Os animais ficavam mansos ou andavam desorientados. Um pigmeu, então, resolveu provar aquele arbusto. Comeu e gostou. Recomendou para outros na tribo, que também adoraram a sensação de entorpecimento. Logo, um curandeiro avisou: havia uma divindade dentro da planta. E os nativos passaram a venerar o arbusto. Começaram a fazer rituais que se espalharam por outras tribos. E são feitos até hoje. A árvore Tabernanthe iboga, conhecida por iboga, é usada para fins lisérgicos em cerimônias com adeptos no Gabão, Angola, Guiné e Camarões.
Há milênios o homem conhece plantas como a iboga, uma droga vegetal. O historiador grego Heródoto anotou, em 450 a.C., que a Cannabis sativa, planta da maconha, era queimada em saunas para dar barato em freqüentadores. “O banho de vapor dava um gozo tão intenso que arrancava gritos de alegria.” No fim do século 19, muitos desses produtos viraram, em laboratórios, drogas sintetizadas. Foram estudadas por cientistas e médicos, como Sigmund Freud.
Somente no século 20 é que começaram a surgir proibições globais ao uso de entorpecentes. Primeiro, nos EUA, em 1948. Depois, em 1961, em mais de 100 países (Brasil entre eles), após uma convenção da ONU. Segundo um relatório publicado pela entidade em 2005, há cerca de 340 milhões de usuários de drogas no planeta. Movimentam um mercado de 1,5 trilhão de dólares. “Ao longo da história, as drogas tiveram usos múltiplos que alimentaram e espelharam a alma humana”, diz o professor da USP Henrique Carneiro, autor de Pequena Enciclopédia da História das Drogas e Bebidas. Elas deram origem areligiões, percorreram o planeta com o comércio, provocaram guerras, mudaram a cultura, música e moda. Acompanhe agora uma viagem pela história das substâncias mais famosas.

 

Ayahuasca
Índios da bacia Amazônica tomam esse chá alucinógeno há mais de 4 mil anos – um hábito que chamou a atenção de portugueses e espanhóis assim que eles desembarcaram por aqui, no século 16. Ao chegarem à Amazônia, padres jesuítas escreveram sobre o chá da “poção diabólica” e as cerimônias que os indígenas realizavam depois de consumir o ayahuasca. Durante todo esse tempo, a bebida provavelmente teve a mesma receita: um cozido à base de pedaços do cipó Banisteriopsis caapi.
O nome quem deu foram os índios quíchuas, do Peru. Ayahuasca quer dizer “vinho dos espíritos” – segundo eles, o chá dá poderes telepáticos e sobrenaturais. Mas os quíchuas são apenas um dos 70 povos na América Latina que tomam o chá com freqüência. Na maioria dos casos, o chá é visto como uma divindade. Mas a ayahuasca também serve ao prazer: ao final dos rituais, muitos índios transam com suas parceiras.
No século 20, a fama do chá correu o mundo. Escritores viajavam para a América do Sul, enfrentavam o calor e a umidade e dormiam em aldeias para ter experiências alucinógenas. Entre os pirados estavam o poeta beatnik William Burroughs. Burroughs esteve no Brasil e na Colômbia, em 1953. Quando voltou aos EUA escreveu o livro Cartas do Yagé (yagé é outro nome do chá, tomado na periferia de Bogotá). “Uma onda de tontura me arrebatou. Brilhos azuis passavam em frente de mim”, escreveu. Depois, recomendou a bebida ao amigo Allen Ginsberg, que veio para a Amazônia em 1960. Hoje o chá é tão divulgado na internet (mais de 400 mil sites) que existem até pacotes turísticosvendidos por entidades clandestinas. A pessoa paga hotel, avião e visitas a tribos que fazem o culto. O custo: entre 1 000 e 1 300 dólares.
Cacto peiote
Cerca de 10% das mais de 50 espécies de cacto têm propriedades alucinógenas. A mais conhecida é a Lophophora williamsi, que brota em desertos no sul dos EUA e norte do México. É usada em rituais há 3 mil anos e cerca de 50 comunidades indígenas a consideram sagrada. Os huichois, do norte do México, chegam a fazer uma peregrinação anual de mais de 400 km para colhê-la. Quando a encontram, fazem um ritual: em silêncio, agem como se estivessem diante de um cervo, até lançarem uma flecha na planta. Quando voltam com o peiote para a tribo, organizam rituais e celebrações sob efeito da droga.
Algumas tribos da região, no entanto, descobriram os poderes do peiote somente no século 19. “Depois da Guerra Civil Americana, os índios comanches e os navajos viveram uma terrível crise com o extermínio dos seus búfalos e os massacres que sofreram”, conta o pesquisador da USP Henrique Carneiro. Para amenizar a fase difícil, “aderiram ao consumo religioso do peiote”. Numa das cerimônias, chamada “dança fantasma”, os índios dançavam alucinados e diziam se comunicar com os mortos.
O escritor inglês Aldous Huxley tomou a mescalina, substância do cacto. Descreveu as viagens no livro As Portas da Percepção: “Foi como tirar férias químicas do mundo real”. Mas nem só o underground era seduzido pela droga. O físico inglês Francis Crick – que em 1953 descobriu a estrutura do DNA – provou o peiote várias vezes e gostou. Em 1967, quando lançou o livro Of Molecules and Men (“Sobre Moléculas e Homens”, sem tradução em português), o cientista colocou na epígrafe a frase “Este é o poderoso conhecimento, sorrimos com ele”, tirada do poema Peyote Poem, do escritor e doidão Michael McClure.
Cocaína
Imagem: Marcello Casal Jr/ABr/Creative Commons
Quando chegaram à América, os espanhóis perceberam que os índios da região tinham adoração pela folha da coca. Pragmáticos, passaram a distribuí-la aos escravos para estimular o trabalho. Acontece que os brancos também tomaram gosto pela coisa. E as folhas foram parar na Europa.
No Velho Continente, a planta era utilizada na fabricação de vinhos. Um deles, o Mariani, criado em 1863, era o preferido do papa Leão 13, que deu até medalha de honra ao produtor da bebida. Foi nessa mesma época que o químico alemão Albert Niemann isolou o alcalóide cloridrato de cocaína. Como tantos outros cientistas que você vai conhecer nesta reportagem, ele usou o corpo como cobaia: aplicou a droga na veia e sentiu a força do efeito.
O psicanalista Sigmund Freud investigou o uso da droga. Achava que ela serviria como remédio contra a depressão e embarcou na experiência: “O efeito consiste em uma duradoura euforia. A pessoa adquire um grande vigor”. Até que um dos pacientes, Ernst Fleischl, extrapolou e morreu de overdose. Freud, então, abandonou a droga.
Era normal laboratórios fazerem propaganda sobre a cocaína. Dizia-se que era “excelente contra o pessimismo e o cansaço” e, para mulheres, dava “vitalidade e formosura”. Somente no começo do século 20 é que políticos puritanos começaram a lutar pela proibição da droga, que praticamente sumiu do país. Só voltaria no fim da década de 1970, quando a cocaína refinada na Bolívia e Colômbia entrou nos EUA. E, mesmo proibida, não saiu mais.
Crack
Feita pela mistura da pasta de cocaína com bicarbonato de sódio, leva em segundos a um estado de euforia intenso que não dura mais do que 10 minutos. Assim, quem usa quer sempre repetir a dose. O nome crack vem desse efeito rápido, que surge como estalos para o usuário.
O consumo de crack explodiu no meio dos anos 80, como alternativa barata à cocaína. Mas a droga aparecia também em festas de universitários e até de políticos. Um desses casos ficou famoso. Em janeiro de 1990, o prefeito de Washington, Marion Barry, foi preso numa operação do FBI quando estava num quarto de hotel com uma antiga namorada, cooptada pelos policiais. Assim que ele começou a usar crack, os agentes entraram no lugar e o prenderam. Barry renunciou e ficou detido por 6 meses numa prisão federal.
Em São Paulo, o crack ainda hoje é a droga mais vendida em favelas e entre os sem-teto. No Rio, demorou muito mais para circular. “A disseminação do crack é fruto de ação do vendedor de cocaína no varejo, que produz as pedras em casa. No Rio, a estrutura do tráfico não permitia essa esperteza”, afirma Myltainho Severiano da Silva, autor de Se Liga! O Livro das Drogas. Quem vendia crack era assassinado. Mas, em crise por causa de apreensões de drogas pela polícia, os chefões do tráfico passaram a permitir a venda de crack no Rio no fim da década de 1990.
Cogumelos
Imagem: Alan Rockefeller/Creative Commons
Existem cerca de 30 mil tipos de cogumelos no mundo, mas só 70 provocam viagens. São os cogumelos alucinógenos, com alcalóides que, quando ingeridos, dão barato. Um segredo, aliás, há tempos conhecido pelo homem: 5 mil anos atrás o cogumelo Amanita muscaria já era colhido ao pé de carvalhos no norte da Europa e na Sibéria. Quando não o encontravam, os nativos da região bebiam até a urina de renas que comiam o cogumelo, para assim conseguir o efeito entorpecente.
No Império Romano, o cogumelo utilizado era outro, o caesarea, consumido com vinho em festas que terminavam em orgias. Outra espécie, Claviceps pupurea, que nasce de parasitas do centeio, fez sucesso por acaso em regiões da Itália durante a Idade Média. Em algumas aldeias, os pães eram feitos com farinha do centeio onde o fungo crescera. Sob o efeito do cogumelo, as pessoas dançavam sem parar em festas. Os sábios, que não sabiam que era o pão que dava barato, diziam que a euforia era causada pela picada de uma aranha. Deram a essa sensação o nome de “tarantismo” (de tarântula). Dessas festas teria surgido uma dança famosa – a tarantela.
No hemisfério sul, a variedade mais comum é o psilocybe que nasce nas fezes do gado. A mesma espécie aparece na América Central, onde arqueólogos encontraram esculturas em forma de cogumelo misturadas com figuras humanas. Datam de 500 a.C. e estão em El Salvador, Guatemala e México.
Maconha
Imagem: Getty Images
A Cannabis sativa, originária da Ásia Central, é consumida há mais de 10 mil anos. Os primeiros sinais de uso medicinal do cânhamo, outro nome da planta, datam de 2300 a.C., na China, numa lista de fármacos chamada Pen Ts’ao Ching – um estudo encomendado pelo imperador Chen Nong (a maconha servia tanto para prisão de ventre como para problemas de menstruação). Na
Índia, por volta de 2000 a.C., a Cannabis era considerada sagrada.
A planta apareceu no Brasil com escravos africanos, que a usavam em ritos religiosos. O sociólogo Gilberto Freyre anotou isso no clássico Casa Grande & Senzala, de 1933: “Já fumei macumba, como é conhecida na Bahia. Produz a impressão de quem volta cansado de um baile, mas com a música nos ouvidos”. No Brasil, até 1905, podia-se comprar uma marca de cigarros chamada
Índios. Era maconha com tabaco. Na caixa, um aviso curioso: “Servem para combater asma, insônia e catarros”.
No século 19, a erva foi receitada até para a rainha inglesa Vitória. Ela fez um tratamento à base de maconha contra cólicas menstruais, indicado pelo médico do palácio. Hoje, há uma cultura em torno da droga que se mantém com revistas especializadas, sites e ongs defendendo seu uso. A maconha tem até torneio anual, na Holanda: a Cannabis Cup, que avalia a qualidade da droga de todos os continentes. O país, aliás, não permite o comércio livre da erva. A droga pode ser vendida apenas nos coffee shops e o limite por pessoa é de 5 gramas – suficiente para 5 cigarros.
Haxixe
}Imagem: Mjpresson/Creative Commons
A pasta formada pelas secreções de THC, princípio ativo da maconha, é consumida há milênios na Ásia – na China, foram encontrados registros de seu uso medicinal em 2500 a.C. Mas foi o comércio de especiarias que fez do haxixe uma droga “global”. Acredita-se que por volta de 2 d.C. a substância seguiu para o norte da África e Oriente Médio pelas mãos de comerciantes que iam ao Oriente em busca de especiarias. Eles recebiam haxixe como cortesia nas operação de compra e venda.
O nome, no entanto, vem do árabe – hashish significa “erva seca”. Ficou conhecido assim quando Hassan bin Sabbab, líder de uma seita xiita da Pérsia no século 11, reuniu seguidores numa fortaleza para matar soldados das Cruzadas. Antes de entrar em ação, usavam a droga. Os homens de Hassan, conhecido como Velho da Montanha, eram chamados de aschinchin – alguém sob influência do haxixe. Daí derivou a palavra assassin, ou assassino.
A droga se espalhou pela Europa no século 18. O poeta francês Charles Baudelaire e seus amigos escritores Alexandre Dumas e Victor Hugo se reuniam para fumá-la. Baudelaire gostava tanto de haxixe que fazia parte de uma ordem, a Club des Haschichiens. Nos encontros, além de usar haxixe, os participantes tinham um estranho ritual: exaltar Hassan bin Sabbab. Todos vestiam roupas árabes e um dos integrantes era eleito o Velho da Montanha.
Ecstasy
Em 1912, um químico que investigava moderadores de apetite para a empresa alemã Merck desenvolveu uma droga de nome impronunciável: metilenedioxianfentamenia, ou MMDA. Experimentou, sentiu uma leve euforia, mas arquivou a descoberta. Na década de 1960, o cientista americano Alexander Shulguin procurava um remédio que estimulasse a libido. Encontrou os papéis da pesquisa da Merk e incluiu o MMDA na lista de mais de 100 substâncias que ele testou em tratamentos psiquiátricos. A que fez mais sucesso foi justamente a MMDA, que ganhou a fama de “droga do amor”. Os pacientes diziam que ela os ajudava a ser mais carinhosos – hoje, sabe-se que a droga estimula a produção de serotonina no cérebro, responsável pela sensação de prazer.
Não surpreende, portanto, o nome que fez a substância famosa: “ecstasy”, de êxtase mesmo. Em 20 anos, as pastilhas da droga estavam circulando nas ruas. Eram combinadas com o som da música eletrônica em festas chamadas raves, que atravessavam o dia e só terminavam à tarde. Em 1988, o êcstasy foi a febre no verão inglês, que acabou batizado de Summer of Love, ou “verão do amor” , mesmo nome que os hippies deram ao ano de 1967, quando eles se entupiram de LSD. A comparação não era exagerada: as duas drogas estiveram por trás de boa parte da produção cultural jovem de suas épocas.
Heroína
A substância foi descoberta em 1874, a partir de um aprimoramento na fórmula da morfina. Os trabalhos de pesquisa nessa área já haviam levado, por exemplo, à invenção da seringa, criada em 1853 por um cientista francês que procurava maneiras de melhorar a aplicação da morfina. Batizado de heroína, o novo remédio começou a ser vendido em 1898 para curar a tosse. A bula dizia: “A dose mínima faz desaparecer qualquer tipo de tosse, inclusive tuberculose”. O nome fazia referência às aparentes capacidades “heróicas” da droga, que impressionou os farmacêuticos do laboratório da Bayer.
Logo descobriram também que, injetada, a heroína é uma droga de efeito veloz, poderoso e que provoca dependência rapidamente. Viciados em crise de abstinência têm alucinações, cólicas, vômitos e desmaios. Assim, a heroína teve sua comercialização proibida em 1906, nos EUA. Em 1913, o fabricante alemão parou de produzi-la, mas ela manteve intensa circulação ilegal na Europa e, principalmente, na Ásia. A droga voltou a aparecer nos EUA somente no começo dos anos 70, quando soldados servindo na Guerra do Vietnã começaram a consumi-la com asiáticos. Estima-se que cerca de 10% dos veteranos voltaram para casa viciados. .
LSD
O químico alemão Albert Hofmann trabalhava no laboratório Sandoz, em 1938, investigando um medicamento para ativar a circulação. Testava a ergotamina, princípio ativo do fungo do centeio, que ele sintetizou e chamou dietilamida. Tomou uma dose pequena e sentiu um efeito sutil. Somente em 19 de abril de 1943 Hofmann resolveu testar uma dose maior. O químico, então com 37 anos, voltou para casa de bicicleta. Teve a primeira viagem de ácido de que se tem notícia: “Vi figuras fantásticas de plasticidade e coloração”, contou. Apresentou o LSD (iniciais em alemão de ácido lisérgico) a amigos médicos. Hofmann hoje tem 100 anos e é um dos integrantes do comitê que escolhe o Prêmio Nobel.
O americano Timothy Leary se encarregou de ser um dos embaixadores do LSD pelo mundo. Doutor em psicologia clínica de Harvard, ministrava a droga para seus pacientes e a recomendava a alunos do campus – até ser expulso pela universidade, em 1963. Na época a cidade de São Francisco começava a se tornar capital da cultura hippie. Uma das principais atrações eram shows de rock para uma platéia encharcada de ácido fabricado em laboratórios clandestinos. Os freqüentadores pregavam o amor livre, a vida em comunidade e veneravam religiões orientais. O lema deles você conhece: “paz e amor”.
Em 1967, o movimento era capaz de reunir até 100 mil pessoas num parque. As farras lisérgicas muitas vezes acabavam em sexo coletivo. Não é à toa que o ano tenha entrado para história como Summer of Love, o “verão do amor”.
Ópio
O suco leitoso tirado da papoula branca é consumido há cerca de 5 mil anos no sudoeste da Ásia, em ilhas do Mediterrâneo e no Oriente Médio. Fez parte até da mitologia grega – era usado para venerar a deusa Demeter. A lenda dizia que, após ter sua filha Proserpina raptada, Demeter passou a procurá-la. Encontrou e comeu sementes de papoula, diminuindo a dor da perda. A imagem da deusa, então, ficou ligada à papoula – e rituais em sua homenagem incluíram o uso da droga. O nome ópio vem do grego opin, ou suco. A chegada da civilização romana não diminuiu a sua popularidade, inclusive para fins medicinais. “O ópio era a aspirina de seu tempo. No ano 312, havia na cidade de Roma 793 estabelecimentos que o distribuíam”, afirma Antonio Escohotado, em O Livro das Drogas.
Na época das navegações, a Inglaterra chegou a monopolizar a venda mundial de ópio. Entre os principais importadores estava a China, apesar de o produto ser proibido lá desde 1729. A luta contra o contrabando levou a um conflito militar entre os dois países, que durou de 1839 a 1842 e ficou conhecido como Guerra do Ópio. Os ingleses venceram e obrigaram a China a permitir o comércio da droga. Ficaram também com o território de Hong Kong, que só foi devolvido em 1997.

Poema Peiote - Parte 1

Límpido - os sentidos apurados - sentado numa cadeira negra - Balanço -
     os muros brancos refletem a cor das nuvens
         que se movem sobre o sol. Intimidades! o quarto 
nada importante - mas como divisões de todo o espaço 
    de todo horror e beleza. Eu ouço
         a música do meu ser e a transcrevo 
   para ninguém ler. Eu atravesso fantasias enquanto
      elas cantam para mim em vozes circenses. Visito as pessoas de mim
mesmo 

                        e sei tudo o que devo saber. 
EU SEI TUDO! EU ATRAVESSO O QUARTO
 

uma cama dourada irradia toda luz
o ar está cheio de brincos prateados e águas-vivas 
                  Eu sorrio para mim mesmo. Sei tudo o que 
         há para saber. Percebo tudo o que 
            há para sentir. Permaneço numa boa com a dor
                na minha barriga. A resposta
        para Amor é minha voz. O tempo não existe!
Sem respostas. A resposta para sentir é meu sentimento.

           A resposta para prazer é prazer sem sentimento.
 

              O quarto é um querubim multicolorido
de ar e cores brilhantes. A dor em meu estômago
        é quente e branda. Eu estou sorrindo. A dor 
           é difusa, sem sofrimento.
       A luz transforma o quarto de amarelos para Violeta!
O espaço marrom escuro atrás da porta é uma preciosa
   intimidade, silencioso e calmo. Local de nascimento 
           de Brahms. Eu sei 
tudo o que tenho para saber. Não há o que se preocupar. 
Leio os significados de muros descascados e tetos que desabaram. 
       Eu estou separado. Fecho meus olhos em divindade e dor. 
       Pisco solenemente e em insolente prazer. 
            Sorrio para mim mesmo em meus movimentos. Ando 
                  cuidadosamente. Preencho 
       espaço. Eu observo os secretos e distintos 
            padrões de fumaça que saem da minha boca.
      Sou despreocupadamente parte de tudo. Distinto. 

Estou separado da tristeza & da beleza. Eu vejo Tudo.

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                       (ESPAÇOSA

e sorridente intensidade - fechado em mim mesmo. Não mais 

                             uma nuvem 
       mas carne tão real quanto pedra. Como Heráclito 
               de primordial substância e vitalidade. 
       E nem mesmo temeroso da ausência de glamour 
                       mas aceitando. 
As coisas belas não são nossas 
         mas eu as observo. Por entre elas.
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                   E a coisa Indigena. É real! 

       Aqui em meu apartamento eu tenho pensamentos tribais.)
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                   ESTÔMAGO!!! 

O tempo não existe. Sou visitado por um homem 
       que é o deus das raposas 
   há sujeira sob as unhas da sua pata 
                  carne do seu covil. 
   Nós sorrimos um para o outro em reconhecimento. 

Estou livre do tempo. Aceito isso sem triunfo

                    - um fato.
 

         Fechando meus olhos há flashes de luz.
 

Meus olhos não focalizam mas saltam. Eu percebo que tenho três pés.
        Vejo sete lugares em um! 
    O chão declina - o quarto inclina 
                coisas se unem 
    umas às outras. Flashes 
       de luz 
   e uniões. Eu espero 
observando as coisas fisicas passarem. 
         Estou numa mesa de tempo e espaço. 
                    !DOR-DE-ESTÔMAGO! 
         Transcrevo a música da vida 
              em palavras. 
         Ouvindo os sons circundantes da guitarra 
           como cores. 
         Sentindo o toque da carne. 
         Vendo o livre caos das palavras 
         na página. 
            (a graça final) 
   (Doce Yeats e sua pedra de haxixe)

_______________________________
 

     Minha barriga e eu somos dois individuos 
         unidos
             em vida.
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     ESTE É O PODEROSO CONHECIMENTO 

          nós sorrimos com ele.
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        Da janela eu olho dentro da cinza-azulada 

          escuridão da monotonia. 
Estou aquecido. Dentro do dragão do espaço. 
    Contemplo nuvens observando 
         suas nebulosas convoluções.
 

         Os rodopios de vapor 
Eu desejo pequenas nuvens inexistentes. 
Elas se tornam peixes devorando uns aos outros. 
E se transformam como os espiritos sagrados de Dante 
Se tornando um pelicano congelado nas alturas 
          para me desafiar. 

Michael McClure